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Eu vou ser como a toupeira
Eu vou ser como a toupeira
Que esburaca
Penitência, diz a hidra
Quando há seca
Eu vou ser como a gibóia
Que atormenta
Não há luz que não se veja
Da charneca
E não me digas agora
Estás à espera
Penitência diz a hidra
Quando há seca
E se te enfias na toca
És como ela
Quero-me à minha vontade
Não na tua
Ó hidra, diz-me a verdade
Nua e crua
Mais vale dar numa sarjeta
Que na mão
De quem nos inveja a vida
E tira o pão
in Eu vou ser como a toupeira (1972)
O DIA EM QUE OS CAPITÃES FIZERAM PORTUGAL FELIZ
Foi uma noite larga como um rio,
tão larga como o coração de um povo
ou o voo de um albatroz sobre o sono das ilhas.
Foi uma noite a desaguar numa foz de pétalas
onde todas as vozes se juntaram, altivo coro,
para dizer que nunca é tarde para a felicidade
sentar à nossa mesa a herança de luz
que a torna tão desejada, doce e rara.
Até o silêncio se fardou de capitão
para abrir a porta de armas a um cântico
vindo do ventre fértil desta pátria
com uma arca de palavras nascidas da lavra
do nosso amor a tudo o que nasce valente e livre.
Que idade tínhamos nessa madrugada
que tudo prometia ser, deixando o medo refém
de uma vida inteira de servidão e vénia ?
Tínhamos a idade dos filhos que já tínhamos
e dos que vinham a caminho, sem mácula,
para que nunca mais se fechassem as portas
que a coragem abrira à bênção do vento e do riso.
Que idade tínhamos nós nessa noite,
mãe de todas as noites que as feridas da guerra e do exílio
cobriram com os panos ásperos do sal das lágrimas ?
Tínhamos a idade de ser irmãos daqueles a quem,
com a bravura das ondas, chamámos camaradas,
na fraternidade de sangue que aduba os canteiros da paz.
Que idade tínhamos nós nessas horas tecidas
com o fio da incerteza que sufoca, que engrandece ?
Passaram quarenta anos, tantos anos, por nós,
pelos retratos, pela gaveta funda das lembranças,
pelos olhos das mulheres e dos filhos, dos amigos
que o tempo teimou em levar, traiçoeiro e sem aviso,
só para nos castigar com o fel da imerecida ausência
como se houvesse um preço a pagar
por termos conseguido tornar, em Abril, Portugal feliz.
Passaram tantos anos pelas páginas do livro
que, por amor, escrevemos, enamorados
de uma ideia, de um sonho, de uma maré indomável,
porque éramos jovens e queríamos que a juventude
não morresse no mato das ilusões desfeitas.
Passaram tantos anos sobre as cicatrizes
do chicote, da tortura, da ameaça, da injúria
e nós permanecemos de pé, na reserva da tropa
mas não na reserva deste pacto selado com o futuro.
E mesmo cansados, nunca fomos tão jovens como hoje
para proclamar, guerreiros da colheita adiada,
que nos podem tirar quase tudo, menos o direito
de, livres, dizermos que Portugal não se rende,
desde Alcáçovas ao Largo do Carmo,
desde o Terreiro do Paço às celas abertas de Caxias.
E esses foram, que ninguém o esqueça,
os dias únicos da glória de Portugal,
notícia que nos devolveu o fulgor e a magia
após tantos anos de dorso vergado
nessa feira cabisbaixa de que falava o O'Neill
e que reclamava o Portugal futuro do poema de Ruy Belo.
Já passaram tantos anos e tão poucos,
já fomos tantos e tão poucos, mas cada vez
seremos mais, entrincheirados no quartel desta memória
que renasce connosco sempre que dela fazemos estandarte
desfraldado ao vento daquilo que ainda nos falta viver.
E que ninguém se atreva a dizer-nos
que a História, afinal, ficou por cumprir.
Militares e civis, fomos nós que a escrevemos
com as letras de seiva, sangue e espuma
com que se escreve tudo aquilo que conta,
tudo aquilo que fica, tudo aquilo que resiste.
Já passaram tantos anos, mas foi ainda ontem,
no manso clarear da madrugada, que mudámos
o destino de uma terra e de um povo,
como se disséssemos: “Todo o poder que queremos
é a liberdade e a alegria de uma pátria livre. Nada mais”.
No livro desta história está um capítulo em falta
e há-de ser escrito por quem não esquece nem desiste.
E que ninguém apague a luz enquanto houver lá fora
gente à espera dos muitos nomes, vozes e rostos
que este nosso Abril ainda um dia há-de ter.
José Jorge Letria
(do livro “Zeca Afonso e Outros Poemas para Lembrar Abril”, Abril de 2014)
Cadilhe diz que pensionistas são alvo de "injustiça de bradar aos céus"
Publicado em 2014-01-28
O antigo ministro das Finanças Miguel Cadilhe afirmou que está a ser cometida uma "injustiça de bradar aos céus" sobre os pensionistas portugueses, que têm um direito equiparado a um título de dívida sobre o Estado.
Miguel Cadilhe participou num debate no Palácio da Bolsa
"Quanto aos pensionistas, atenção, há aí uma injustiça de bradar aos céus. Porque os pensionistas que estão no regime contributivo, isto é, que passaram a sua vida ativa a contribuir, têm um verdadeiro direito sobre a República, são titulares de uma espécie de divida pública da República", disse Miguel Cadilhe durante um debate com o conselheiro de Estado Vítor Bento no Palácio da Bolsa, no Porto, esta terça-feira à noite.
O antigo ministro das Finanças do atual presidente da República, Aníbal Cavaco Silva (PSD), questionou como pode o Estado cumprir "toda a dívida pública perante os credores externos e internos, mas perante os pensionistas não cumprir essa outra espécie de dívida pública que advém de eles terem contribuído toda a vida".
"Contribuíram não para pagar despesas públicas, mas para assegurar a sua previdência", disse Miguel Cadilhe, elogiando o fator de sustentabilidade introduzido pelo antigo ministro do PS Vieira da Silva.
Para Miguel Cadilhe, o facto de o Estado português ter optado por um regime de "receita-despesa, isto é, as contribuições que entram serem para pagar as pensões correntes", não o dispensa de cumprir "essa espécie de dívida pública que tem perante os pensionistas".
Passos, o cristalino
por FERNANDA CÂNCIO18 abril 2014
"Vamos ter no que respeita a salários e a pensões no futuro de os desonerar. Isso é claro. Possivelmente em 2016." 15/4/2014
"O que é importante as pessoas terem como garantia, para saberem com o que contam, é que não alargaremos estes cortes. Isso é inequívoco." 15/4/2014
"Estas medidas que são de facto temporárias vão ter de permanecer mais algum tempo." 15/4/2014
"Teremos até ao fim deste ano de substituir estas medidas por outras que vigorem daqui para a frente. À medida que ultrapassamos a situação de emergência essas medidas têm de ser de substituídas por outras que não são de emergência." 15/4/2014
"Às vezes por facilidade fala-se de medidas definitivas. Ora isso não faz sentido." 15/4/2014
"Alargámos aquele corte de salários que já vinha do tempo do engenheiro Sócrates um pouco acima da taxa dos 10% até aos 12% - começámos um pouco mais em baixo, nos 2,5% e depois até aos 12%." 15/4/2014 [Sócrates efetuou um corte médio de 5%, iniciado em 3,5% nos 1500 euros, sendo de 10% a partir dos 5000; o atual corte inicia-se com 2,5% nos 675, é de 8,61% nos 1500, de 10% nos 1800 e de 12% a partir dos 2000.]
"Os 15% de pensionistas que são abrangidos pela CES a partir de 1350 euros têm uma taxa mais progressiva." 15/4/2014 [Aplica-se este ano a partir dos mil euros.]
"A ideia de que estamos aqui a esconder essas medidas e que de facto o que vamos fazer depois é aumentar os cortes sobre as pensões e sobre os salários, isso não corresponde à realidade e não há nenhuma razão para estar a criar nas pessoas essa ansiedade." 15/4/2014
"A redução nunca será tão grande como é hoje, mas terá de continuar a existir uma redução da pensão." 15/4/2014
"Não faz sentido fazer especulação sobre um eventual corte permanente nas pensões. O debate devia ser mais sereno e informado e os membros do Governo deveriam contribuir para isso." 27/3/2014
"Se eu tivesse já a medida duradoura para poder apresentar, apresentava-a já aqui." 15/4/2014
"Há uma tentativa de criar uma ansiedade desnecessária junto das pessoas mas não é o Governo que a está a criar." 15/4/2014
"A partir de 2015 iniciaremos a reposição gradual (...) dos cortes nos salários da função pública efetivados em 2011. O Documento de Estratégia Orçamental hoje aprovado não prevê mais medidas de austeridade (...) até 2016." 30/4/2012
"O Governo já disse que não é possível repor o nível de salários e pensões como eles estavam em 2010." 15/4/2014
"Os cortes salariais assumidos este ano são temporários. Mas não podemos regressar ao nível salarial de 2011." 5/3/2014
"Não quero contribuir para criar nenhuma ideia incorrecta face àquilo que o Governo virá a decidir." 15/4/2014
Conclusão do Tu(r)bo d'Escape
Governo não apresentou cortes de pensões aos especialistas que nomeou
Em entrevista à SIC, Passos Coelho afirmou que já tem um relatório que encerra a questão.
Rosa Pedroso Lima 14:02 Quarta feira, 16 de abril de 2014
Nenhum dos especialistas em Direito e Segurança Social nomeados pelo Governo para estudar uma "solução duradoura" para substituir a Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) foi informado sobre as medidas que estão prestes a ser tomadas. O anúncio do primeiro-ministro de que o "relatório" está pronto apanhou todos de surpresa.
Foram cinco os especialistas convidados pelo Governo, em Janeiro, para integrar o grupo técnico que iria preparar uma solução para tornar definitivos os cortes das pensões introduzidos pela CES, que começa nos €1000 brutos, e para propor medidas de sustentabilidade para os actuais regimes de pensões público e privado.
Segundo o que o Expresso apurou, todos estes especialistas independentes foram apanhados de surpresa pelo anúncio, feito terça-feira por Passos Coelho na SIC, de que teria recebido, na véspera, um relatório que encerrava a questão. Até ao final do mês, o Governo estaria pronto a tomar uma decisão, segundo declarações do primeiro-ministro em entrevista a José Gomes Ferreira.
Nenhum dos membros convidados pelo Governo conhece o relatório e terá tido acesso à solução proposta para resolver o assunto. Aliás, das reuniões mantidas até agora sobre o tema, não saiu nenhum documento, muito menos uma proposta final. Ao que o Expresso apurou, os trabalhos ainda se encontravam numa fase de auscultação de opiniões.
Do sentido de estado ao "inconseguimento"
Eanes, Soares, Sampaio e Balsemão: o passado já não (n)os divide
Quando falaram do presente, os ex-presidentes da República receberam palmas da assistência, que encheu o Auditório da Fundação Gulbenkian.
Desta vez, Mário Soares não estava disposto a falar de actualidade. "Já basta o que basta", atirou, para uma plateia que esperava mais. A única vez em que se permitiu um comentário sobre o presente, foi muito aplaudido: "Quando os militares de Abril não vão ao Parlamento, eu também não vou", disse, lembrando a polémica sobre aos 40 anos do 25 de Abril na Assembleia da República que leva a que, pelo segundo ano consecutivo, a Associação 25 de Abril recuse o convite para estar presente na sessão parlamentar comemorativa...
Eanes aproveita o silêncio de Soares sobre o presente e faz o retrato mais crítico dos nossos dias: "É necessário sair desta crise sem agredir a unidade popular"; "Quando a juventude emigra por necessidade está a dizer que não acredita no presente"; "Haver portugueses com fome é uma coisa que nos ofende e que não devíamos permitir"; "Sem Estado Social o pluralismo, a tolerância, tudo isso está em perigo".
Jorge Sampaio encerrou as intervenções depois disto... O mais novo dos ex-Presidentes mostrou-se empenhado em "preservar o Estado Social" e, sobretudo, em "não reduzir tudo isto a um Estado mínimo". Defendeu que "não é com salários baixos, é com pessoas qualificadas" que se pode desenvolver o País. E fugu à ideia de "pacto" ou de "compromisso" partidário ("já estou queimado com a palavra") defendendo, antes, um "compromisso de baixo para cima", em torno de "ideias a 20 anos".
“Posso testemunhar a atenção que Durão Barroso sempre prestou aos problemas do país”, agradece Cavaco Silva
“Posso testemunhar, como poucos, a atenção que o doutor Durão Barroso sempre prestou aos problemas do país e a valiosa contribuição que deu para encontrar soluções, minorar custos, facilitar apoios e abrir oportunidades de desenvolvimento”, disse na tarde desta sexta-feira o Presidente na República na abertura da conferência Portugal: Rumo ao Crescimento e Emprego. Fundos e Programas Europeus: solidariedade ao serviço da economia portuguesa, que está a decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Daí que, quase a terminar o seu discurso de quatro páginas, Aníbal Cavaco Silva tenha sido ainda mais claro: “Portugal e os Portugueses, tal como os outros Estados-Membros, muito lhe devem.” ..."O problema é deles", diz Assunção Esteves sobre exigência da Associação 25 de Abril
A presidente da Assembleia da República afirmou esta quinta-feira que convidou a Associação 25 de Abril para estar presente na sessão solene comemorativa da revolução, e que se os militares impõem a condição de falar "o problema é deles".
"Todos os anos há convite à associação 25 de Abril. Este ano houve novo convite, o resto não existe, não comento o que não existe", começou por dizer Assunção Esteves aos jornalistas.
Confrontada com a condição de usar da palavra imposta pelo presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, para que os militares de Abril estejam presentes na sessão solene, Assunção Esteves respondeu: "O problema é deles". "Houve um convite para virem ao parlamento, só", frisou.
O meu país não é deste Presidente, nem deste Governo
Alexandra Lucas Coelho, ao receber ontem o prémio APE pelo romance E a Noite Roda
"Este prémio é tradicionalmente entregue pelo Presidente da República, cargo agora ocupado por um político, Cavaco Silva, que há 30 anos representa tudo o que associo mais ao salazarismo do que ao 25 de Abril, a começar por essa vil tristeza dos obedientes que dentro de si recalcam um império perdido.
E fogem ao cara-cara, mantêm-se pela calada. Nada estranho, pois, que este Presidente se faça representar na entrega de um prémio literário. Este mundo não é do seu reino. Estamos no mesmo país, mas o meu país não é o seu país. No país que tenho na cabeça não se anda com a cabeça entre as orelhas, “e cá vamos indo, se deus quiser”.
Não sou crente, portanto acho que depende de nós mais do que irmos indo, sempre acima das nossas possibilidades para o tecto ficar mais alto em vez de mais baixo. Para claustrofobia já nos basta estarmos vivos, sermos seres para a morte, que somos, que somos.
Partimos então do zero, sabendo que chegaremos a zero, e pelo meio tudo é ganho, porque só a perda é certa.
O meu país não é do orgulhosamente só. Não sei o que seja amar a pátria. Sei que amar Portugal é voltar do mundo e descer ao Alentejo, com o prazer de poder estar ali porque se quer. Amar Portugal é estar em Portugal porque se quer. Poder estar em Portugal apesar de o Governo nos mandar embora. Contrariar quem nos manda embora como se fosse senhor da casa.
Eu gostava de dizer ao actual Presidente da República, aqui representado hoje, que este país não é seu, nem do Governo do seu partido. É do arquitecto Álvaro Siza, do cientista Sobrinho Simões, do ensaísta Eugénio Lisboa, de todas as vozes que me foram chegando, ao longo destes anos no Brasil, dando conta do pesadelo que o Governo de Portugal se tornou: Siza dizendo que há a sensação de viver de novo em ditadura, Sobrinho Simões dizendo que este Governo rebentou com tudo o que fora construído na investigação, Eugénio Lisboa, aos 82 anos, falando da “total anestesia das antenas sociais ou simplesmente humanas, que caracterizam aqueles grandes políticos e estadistas que a História não confina a míseras notas de pé de página”.
Este país é dos bolseiros da FCT que viram tudo interrompido; dos milhões de desempregados ou trabalhadores precários; dos novos emigrantes que vi chegarem ao Brasil, a mais bem formada geração de sempre, para darem tudo a outro país; dos muitos leitores que me foram escrevendo nestes três anos e meio de Brasil a perguntar que conselhos podia eu dar ao filho, à filha, ao amigo, que pensavam emigrar.
Eu estava no Brasil, para onde ninguém me tinha mandado, quando um membro do seu Governo disse aquela coisa escandalosa, pois que os professores emigrassem. Ir para o mundo por nossa vontade é tão essencial como não ir para o mundo porque não temos alternativa.
Este país é de todos esses, os que partem porque querem, os que partem porque aqui se sentem a morrer, e levam um país melhor com eles, forte, bonito, inventivo. Conheci-os, estão lá no Rio de Janeiro, a fazerem mais pela imagem de Portugal, mais pela relação Portugal-Brasil do que qualquer discurso oco dos políticos que neste momento nos governam. Contra o cliché do português, o português do inho e do ito, o Portugal do apoucamento. Estão lá, revirando a história do avesso, contra todo o mal que ela deixou, desde a colonização, da escravatura.
Este país é do Changuito, que em 2008 fundou uma livraria de poesia em Lisboa, e depois a levou para o Rio de Janeiro sem qualquer ajuda pública, e acartou 7000 livros, uma tonelada, para um 11.º andar, que era o que dava para pagar de aluguer, e depois os acartou de volta para casa, por tudo ter ficado demasiado caro. Este país é dele, que nunca se sentaria na mesma sala que o actual Presidente da República.
E é de quem faz arte apesar do mercado, de quem luta para que haja cinema, de quem não cruzou os braços quando o Governo no poder estava a acabar com o cinema em Portugal. Eu ouvi realizadores e produtores portugueses numa conferência de imprensa no Festival do Rio de Janeiro contarem aos jornalistas presentes como 2012 ia ser o ano sem cinema em Portugal. Eu fui vendo, à distância, autores, escritores, artistas sem dinheiro para pagarem dívidas à Segurança Social, luz, água, renda de casa. E tanta gente esquecida. E, ainda assim, de cada vez que eu chegava, Lisboa parecia-me pujante, as pessoas juntavam-se, inventavam, aos altos e baixos.
Não devo nada ao Governo português no poder. Mas devo muito aos poetas, aos agricultores, ao Rui Horta, que levou o mundo para Montemor-o-Novo, à Bárbara Bulhosa, que fez a editora em que todos nós, seus autores, queremos estar, em cumplicidade e entrega, num mercado cada vez mais hostil, com margens canibais.
Os actuais governantes podem achar que o trabalho deles não é ouvir isto, mas o trabalho deles não é outro se não ouvir isto. Foi para ouvir isto, o que as pessoas têm a dizer, que foram eleitos, embora não por mim. Cargo público não é prémio, é compromisso.
Portugal talvez não viva 100 anos, talvez o planeta não viva 100 anos, tudo corre para acabar, sabemos. Mas enquanto isso estamos vivos, não somos sobreviventes."