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Senhor Primeiro Ministro
Exmo Dr. Pedro Passos Coelho
Lisboa, 1 de julho de 2013
Excelência,
No dia 22 de outubro de 2012, há pouco mais de oito meses, dirigi-lhe uma carta em que asinalava a urgência da minha substituição no cargo de Ministro de Estado e das Finanças. Agora, em meados do ano seguinte, essa urgência tornou-se inadiável.
A oportunidade do meu pedido de demissão no outono de 2012 ocorreu após uma série de importantes acontecimentos, entre os quais me permito destacar o acórdão do Tribunal Constitucional de 5 de julho de 2012 e uma erosão significativa no apoio pública às políticas necessárias ao ajustamento orçamental e financeiro na sequência das alterações então propostas à taxa social única.
Numa crise de financiamento externo, estou convencido que o país devedor, em crise, tem inicialmente de dar prioridade à restauração da relação fiduciária com os credores oficiais e privados. Na ausência de um entendimento estável, a parte devedora sofrerá custos económicos e sociais agravados. Aquando do início do mandato do atual Governo, a confiança dos nossos credores externos necessitava ser recuperada com urgência, tal era a gravidade da nossa situação; hoje, estiu confiante que o esforço deve ser dirigido à preservação dessa confiança, face aos resultados alcançados.
Senhor Primeiro Ministro
As semelhanças entre a primavera de 2013 e o outono de 2012 são claras e marcadas. Como bem sabe, pareceu-me inevitável a minha demissão na sequência do segundo acordão negativo do Tribunal Constitucional. Foi-me pedido que continuasse para assegurar a conclusão do sétimo exame regular, a extensão do do prazo de pagamento dos empréstimos oficiais europeus e a preparação do orçamento retificativo, necessário depois da prolação daquela decisão jurisdicional. Aceitei então por causa da situação dramática para a qual o país seria arrastado se essas tarefas não fossem realizadas.
O sétimo exame regular está oficialmente concluído. A extensão dos prazos dos empréstimos oficiais europeus está formalmente confirmada. O orçamento retificativo está aprovado. As condições de financiamento do Tesouro e da Economia portuguesa melhoraram significativamente. O investimento poderá recuperar com base na confiança dos empreendedores. A minha saída é agora, permito-me repetir, inadiável.
Relembro que apenas o Conselho de Ministros extraordinário de 12 de maio recebi um mandato claro do Governo que permitisse a conclusão do sétimo exame regular (o que ocorreu imediatamente a seguir, a 13 de maio). A ausência de um mandato para concluir atempadamente o sétimo exame regular não me permite agora continuar a liderar a equipa que conduz as negociações com o objetivo de melhor proteger os interesses de Portugal.
Senhor Primeiro Ministro
Numa carta de demissão é imperativo refletir sobretudo sobre as próprias limitações e responsabilidades. O incumprimento dos limites originais do programa para o défice e a dívida, em 2012 e 2013, foi determinado por uma queda muito substancial da procura interna e por uma alteração na sua composição que provocaram uma forte quebra nas receitas tributárias. A repetição destes desvios minou a minha credibilidade enquanto Ministro das Finanças.
Os grandes custos de ajustamento são, em larga medida, incontornáveis, dada a profundidade e persistência dos desequilíbrios, estruturais e institucionais, que determinaram a crise orçamental e financeira. No entanto, o nível de desemprego e de desemprego jovem são muito graves. Requerem uma resposta efetiva e urgente a nível europeu e nacional. Pela nossa parte exigem a rápida transição para uma nova fase do ajustamento: a fase do investimento! Esta evolução exige credibilidade e confiança. Contributos que, infelizmente, não me encontro em condições de assegurar. O sucesso do programa de ajustamento exige que cada um assuma as suas responsabilidades. Não tenho, pois, alternativa senão assumir plenamente as responsabilidades que me cabem.
Senhor Primeiro Ministro
Liderança é, por vezes, definida como sabedoria e coragem combinadas com desinteresse próprio. A liderança assim exercida visa os superiores interesses nacionais que perduram de geração em geração. Fácil de dizer, difícil de assegurar, em particular quando as condições são de profunda crise: orçamental, financeira, económica, social e política. Sendo certo que contará sempre com a inteligência, coragem e determinação dos portugueses, cabe-lhe o fardo da liderança. Assegurar as condições internas de concretização do ajustamento são uma parte deste fardo. Garantir a continuidade da credibilidade externa do país também. Os riscos e desafios dos próximos tempos são enormes. Exigem a coesão do Governo. É minha forte convicção que a minha saída contribuirá para reforçar a sua liderança e a coesão da equipa governativa.
Pela minha parte, resta-me agradecer o enorme e inestimável apoio que me prestou nestes dois anos de excelente cooperação.
Com amizade, lealdade e admiração do
Obviamente, DEMITA-SE
O estatístico que está como ministro da Educação, do Ensino e da Ciência, sofre, para além de muitas outras manias e complexos, de uma fixação obsessiva na destruição dos Institutos Politécnicos. No epicentro desta paranóia, situa-se o elitismo. Um mal que não lhe é exclusivo, uma doença grave que atinge uns quantos académicos de pacotilha que se julgam a elite do país. Com formação intelectual e humana que não lhes permite ver para lá do próprio umbigo, não passam de almas penadas incapazes de enxergar que se limitam a "trabalhar" para encher o ego de uma mão cheia de nada, e para se promoverem num circuito fechado em que os de cima puxam os de baixo e os de baixo empurram os de cima tendo como resultado a obtenção do zero absoluto. Pobres de espírito, autoproclamam-se lídimos representantes da elite nacional não conseguindo entender o mundo real onde "não vivem", não se dando conta de serem objecto de chacota pela generalidade dos académicos e cientistas que trabalham com os olhos postos no benefício da sociedade, e que são desconsiderados por todos quantos fora da academia e da ciência produzem para o bem comum, . Em suma, a idiotice obnubila-lhes de tal forma o pensamento que não conseguem entender que grande parte dos males de que sofremos reside, precisamente, na fraca qualidade das nossas "ditas" elites.
Ora é este iluminado que contra todas as evidêncas veio pôr em causa, em entrevista que deu à RTP no passado dia 18 do corrente, a qualidade do trabalho desenvolvido pelos Institutos Politécnicos, nomeadamente pelas Ecolas Superiores de Educação. Esqueceu-se, o coitado, que o próprio presidente da Agência de Avaliação do Ensino Superior "nega que a qualidade dos Politécnicos seja pior que a das universidades e diz que dos cursos "chumbados" até agora por falta de qualidade, nove são das Universidades e seis dos Politécnicos".
O mais grave é que não estamos perante um mero incidente, uma gafe a que qualquer um de nós está sujeito. Trata-se de mais um passo numa estratégia insensata e grave: desacreditar o ensino superior politécnico, para voltar aos velhos cursos médios dos tempos do fascimo salazarista. Aos tempos em que os meninos de famílias "com posses" iam para as Universidades e os meninos das famílias "remediadas" iam para os Institutos - Comercial, Industrial, ou Agrícola. Os cursos "de segunda" que, para inveja de muitos "Cratos", deram ao país profissionais "de primeira" e, vade retro satanás, tinham no mercado de trabalho das suas respectivas áreas de especialidade prioridade sobre os licenciados por cursos "de imitação" à data criados à pressa em diversas Faculdades e Institutos Superiores. Nova obstinação cratoriano-elitista, os projectados Cursos Superiores de Especialização (CSE), a ser ministrados nos Institutos Politécnicos, pretendem ser reconhecidos como formação superior não conferente de grau académico. Ou seja, em bom português, cortar as pernas àqueles que queiram prosseguir estudos obrigando-os a, como acontecia há 50 anos, começar quase tudo de novo!
Para que conste, aqui fica transcrição e a fotografia de notícia do jornal Público de 21 deste mês:
Politécnicos querem a demissão do ministro da Educação
Em carta aberta ao primeiro-ministro, responsáveis reagem a declarações de Nuno Crato sobre qualidade dos licenciados
Os institutos politécnicos sugeriram a Pedro Passos Coelho a demissão do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, na sequência de afirmações suas de que as escolas superiores de educação não dão formação adequada aos professores.
Numa carta aberta ao primeiro-ministro, subscrita pelos responsáveis por 17 escolas superiores, o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos argumenta que “não existem condições de confiança para o senhor ministro continuar a tutelar o ensino superior”.
Numa entrevista à RTP, na quarta-feira passada, Nuno Crato disse que o sistema de formação de professores “tem várias falhas” e disse que as universidades e as escolas superiores de educação “têm características e critérios de exigências muito diferentes”. O ministro disse ter dúvidas sobre os licenciados que vêm dos politécnicos.
Para o Conselho Coordenador dos politécnicos, as palavras do ministro relevam “um preconceito” de Nuno Crato quanto a estas escolas, “já manifesto enquanto comentador e opinion maker, mas inaceitável no seu estatuto de ministro da Educação e Ciência”.
Nuno Crato, dizem os responsáveis pelos politécnicos, “colocou em causa, de modo explícito, sem qualquer fundamento factual, a formação ministrada nas escolas superiores de educação”.
O Conselho Coordenador argumenta ainda que não se trata de um acto isolado, mas sim de um “preconceito ideológico” quanto ao ensino superior politécnico.
A postura do ministro, concluem os politécnicos, “pode condicionar gravemente o futuro do desenvolvimento e consolidação do sistema de ensino superior português”, temendo-se que as políticas para o sector “possam ser gravemente desvirtuadas por esta visão”.
Por isso, “não existem condições de confiança para o senhor ministro continuar a tutelar o ensino superior”, argumenta o Conselho Coordenador.
Rui Beja
por JOÃO MARCELINO Ontem
Comentários para quê. A crónica de ontem do director do Diário de Notícias, não deixa margem para dúvidas. Eu, assino por baixo.
1 Quando um tribunal político, como o Constitucional (TC), decide por unanimidade não fica qualquer margem para o jogo partidário. O corte das pensões acima dos 600 euros dos antigos funcionários públicos é inconstitucional, ponto! - porque viola o princípio básico da confiança (dos cidadãos no Estado) e, até, da proporcionalidade.Declarações como as de Braga de Macedo, sobre o carácter marxista na Constituição e de como ela obsta aos esforços patrióticos do Governo, são apenas delírios que ficam mal num professor e num homem com a sua experiência, mesmo que com o objetivo compreensível de defender um amigo (Passos Coelho) num momento sensível.Esta extraordinária unanimidade do TC teve vários méritos, um dos quais, pouco realçado, é o de fazer perceber no estrangeiro, entre governos e credores, que não estamos perante uma sociedade bloqueada por "leis comunistas". Dá-se apenas a circunstância de termos no poder uma coligação pouco sensata, que escolhe com demasiada frequência caminhos impossíveis à luz dos direitos dos cidadãos. E que em prol de objetivos importantes, sim senhor, como a sustentabilidade do sistema de pensões, julga que pode subverter a qualidade de vida das pessoas e passar por cima da lei.
2 Os argumentos dos 13 juízes são uma enorme lição, que o Governo, acabado de sair de uma reprimenda do Tribunal de Contas sobre a ineficácia do Plano de Redução e Melhoria da Administração Central (PREMAC), devia saber ouvir com humildade democrática.Surpreendentemente, o TC abriu a porta a poder mexer nas pensões se, em vez de estarmos perante "medidas abruptas e parcelares", estivéssemos a falar de "reformas sustentáveis e duradouras" norteadas pela necessidade do "interesse público da sustentabilidade" do sistema de pensões. O que, no fundo, o TC nos diz - e já toda a gente o entendeu - é que o Governo quer sempre mais do que aquilo que estuda e anda há mais de dois anos a perder tempo em áreas essenciais. Conduz os destinos do País com a lógica do automobilista que, saindo de casa atrasado, afogueado, entende que a lei que impõe limite à velocidade, em nome da segurança de todos, e até dele próprio, é tão sem sentido como a existência das autoridades que a policiam. E é por isso que em Portugal continua a faltar o acordo político para matérias em que ele é absolutamente fundamental para poder haver uma reforma do Estado digna desse nome.
3 É o Governo português que gera instabilidade nos mercados e impede uma melhor performance dos juros das obrigações da dívida pública nacional quando força apreciações de diplomas grosseiros como este ou quando gera crises como a "irrevogável" do passado verão. Esses prolongados momentos de tensão não têm tido como responsáveis os políticos da oposição, os sindicatos ou até, como no singular entendimento de Mario Draghi, estimulado sabe-se lá por quem, os tribunais.Passos Coelho comete um erro crasso quando dá azo internacional a este tipo de discurso. Deveria, pelo contrário, ter desde sempre utilizado o Constitucional, e as suas competências, como um argumento para ter tido mais compreensão para o grave problema da consolidação orçamental. Ao fazer do Tribunal Constitucional um inimigo público das boas contas em Portugal, o Governo de Passos Coelho comete uma injustiça e tem prestado um mau serviço ao País e ao seu próprio trabalho. Como é que não percebe esta evidência?
Desde março de 2012, o Governo já substituiu três ministros, 27 secretários de Estado (mais três esta semana) e mexeu na orgânica interna. Há estaleiros de obras com menos azáfama...
Rui Beja
A maldição do princípio de Peter
"Este princípio, enunciado por Laurence Peter e Raymond Hull no livro com o mesmo nome, diz simplesmente que as pessoas tendem a ser promovidas até atingirem o seu nível de incompetência. Por outras palavras as pessoas nas organizações, em particular as mais voluntariosas e/ou ambiciosas tendem a ser promovidas até chegarem a um nível em que já não possuem capacidade para executar de forma competente as suas tarefas. Este princípio tem um corolário interessante que diz que o trabalho nas organizações é executado pelas pessoas que ainda não atingiram o seu nível de incompetência." (extraído de artigo de opinião publicado por Nuno Nunes, Professor do Departamento de Matemática e Engenharias da Universidade de Aveiro, em 8 de Agosto de 2013, no Diário de Notícias Online)
Vaidoso, elitista e arrogante, passou de cronista com ideias feitas e firmes sobre o processo educativo em Portugal a político inconsistente, inconstante e incapaz, tornando-se num dos mais incompetentes ministros da Educação dos últimos quarenta anos. Quiçá, efeitos de uma inflexão de 180º entre jovem militante de extrema esquerda e inábil praticante do ultraneoliberalismo que está a (des)governar Portugal.
O caso da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC), abrangendo os professores com menos de cinco anos de contrato (vá-se lá saber porque não com quatro, ou seis, ou mesmo cinco anos e um dia!) ´constitui apenas mais um dos muitos pontos negros no seu currículo ministerial. Para memória futura, transcrevo o relato que o Diário de Notícias Online faz neste preciso momento:
por DN.Online com José António Cardoso, Patrícia Jesus, José Manuel Oliveira, Paula Carmo, Helder Robalo <input ... >Hoje
O DN seguiu, com vários repórteres no terreno, a realização da prova dos professores em várias escolas do País, em localidades que vão de Portimão, a Coimbra, passando por Lisboa, Vila Nova de Gaia ou Vila Real.
No dia em que 13 523 professores contratados voltam a sentar-se nos bancos da escola para ser avaliados, muitos outros prometem ficar à porta a protestar ou mesmo entrar nas salas e boicotar a realização da prova de avaliação de conhecimentos e capacidades (PACC).
11:45 - Porto
Na Escola EB23 de Canidelo, ao fim de uma hora e um quarto, a prova de avaliação de competências foi anulada. Das nove salas disponíveis para a realização dos exames só duas tinham professores e, após vários protestos, não se realizaram as provas. Em Vila Nova de Gaia, na Escola Almeida Garrett, também não se realizou qualquer exame. H.R.
11:15 - Lisboa
Na Escola D. José, no Alto do Lumiar, em Lisboa, só havia vigilantes para uma das oito salas disponíveis para as provas. Após muitos protestos dos professores presentes, todos os vigilantes acabaram por aderir à greve, não se tendo realizado nenhum dos exames previstos. À saída do estabelecimento de ensino ouviram-se gritos de vitória e os professores foram saindo do edifício fazendo com as mãos um "V" de vitória. P.J.
11:06 - Vila Real
Na Escola de São Pedro, em Vila Real, em cerca de 200 professores inscritos, apenas nove se encontram a fazer a prova. Na Escola Morgado Mateus, também em cerca de 200 professores inscritos, nenhum efetuou a prova. Algumas centenas de professores estão agora a juntar-se para irem em manifestação até à UTAD, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, para protestarem contra a falta de solidariedade das universidades em relação a eles. J.A.C.
11:00 - Vila Nova de Gaia
Na Escola EB2 de Canivelo, em Vila Noda de Gaia, das 9 salas apenas 2 abriram. E dos cerca de 180 professores que deveriam fazer a prova, só se apresentaram 30. Neste momento, devido aos protestos e ao barulho, ainda não foi possível iniciar a prova. Estão cerca de uma dezena de polícias a tentar acalmar os ânimos. H.R.
10:50 - Lisboa
Contactada pelo DN, Anabela Delgado, da Fenprof, afirmou que ainda não se realizaram as provas na Escola D. José, no Alto do Lumiar, devido a protestos dos professores. Nas escolas EB 2,3 das Piscinas, nos Olivais, e Fernão Mendes Pinto, em Almada, também não houve exames. P.J.
10:45 - Lisboa
Na Escola Padre António Vieira, em Lisboa, a prova realizou-se. O único incidente registado aconteceu quando um grupo de manifestantes forçou a entrada no recinto da escola, para impedir a realização da prova, mas foi impedido de entrar no edifício.
Na Escola Secundária do Restelo a prova não se realizou porque houve adesão total à greve. Os professores convocados para vigiar os colegas e os contratados que iam fazer exame acabaram por ser juntar no pátio, no meio de aplausos e lágrimas. P.J.
10:27 - Vila Nova de Gaia
Em Vila Nova de Gaia, na Escola Secundária Inês de Castro, no Canidelo, dos 18 professores destacados para fazer a vigilância à prova faltaram nove. Fora da escola foi montado um cordão humano mas a grande maioria dos professores já entrou para as salas para fazer o exame. Alguns deles retardaram a entrada, afirmando estarem a refletir sobre o a prova de avaliação de competências. Tirando alguns protestos, a manhã tem sido calma. Dos 180 professores que deveriam realizar a prova só 20 não a fizeram. H.R.
10:19 - Portimão
Na Escola Secundária Poeta António Aleixo, em Portimão, o ambiente é muito calmo estando apenas um agente da PSP a controlar os acontecimentos. Dos 300 professores do Agrupamento de Escolas (quatro estabelecimentos de ensino), muitos recusaram fazer a prova, entrando e saindo dos estabelecimentos sem a fazer. Neste momento, há 73 professores a fazer exames em quatro salas de aula.
Um dos grevistas contactado pelo DN à porta da escola, João Vasconcelos, afirmou que está a tentar impedir que os professores façam a prova, mas de forma pacífica afirmando que "hoje são uns a fazer a prova mas nos próximos anos serão todos". Uma das professoras que foi fazer a prova, Ana Viegas, também falou ao DN afirmando que "Estou bastante calma, vou tentar protestar lá dentro contra este exame". J.M.O.
10:00 - Coimbra
Em Coimbra, na Secundária Infanta D. Maria, a PSP foi obrigada a abrir alas entre os manifestantes concentrados à porta da escola para permitir aos docentes entrar para a sala de exame. P.C.
09:55
Esta manhã juntaram-se vários grupos de professores à porta de escolas do Restelo, Barreiro e Portimão, em protestos pacíficos, mas existe alguma confusão entre os docentes sobre se a prova se vai realizar ou não, devido a uma providência cautelar interposta pela Fenprof.
No entanto, contactado pelo DN, o Ministério da Educação afirma que ainda não recebeu nenhuma citação do tribunal do Funchal afirmando, por isso, que a prova irá avançar como de previsto.
A Fenprof tinha avançado com uma providência cautelar no Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) do Funchal para impedir a realização da prova de avaliação dos professores. P.J.
09:15- Lisboa
Em Lisboa, na Escola Padre António Vieira, uma das escolas onde decorre a prova de avaliação de competências de professores, um grupo de manifestantes fez um pequano cordão humano em volta do estabelecimento de ensino mas não está a impedir o acesso. P.J.
09:02- Vila Real
Em Vila Real, as escolas secundárias de Morgado Mateus e São Pedro tinham esta manhã os seus portões fechados a cadeado. Com a presença da polícia no local, os funcionários cortaram os cadeados para se poder dar início ao processo das provas de avaliação dos professores.
A manhã está a decorrer sem incidentes, mas os professores no local afirmaram ao DN que não vão fazer a prova. Na sua maioria estão inscritos para a fazer e pertencem ao grupo de AEC (Atividades Extra Curriculares). J.A.C.
Quando o «Relatório de Pisa 2012» avalia de forma positiva a evolução dos resultados do ensino em Portugal, o que podemos esperar das mudanças que Nuno Crato inventa diariamnte, para no dia seguinte as desdizer com o mesmo ar convencido de ente superior? O que poderemos esperar do Portugal futuro quando os professores e alunos de hoje são tratados com esta ligeireza programática e ofensa da dignidade pessoal?
Rui Beja
por Sofia Fonseca Hoje
A Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal elegeu hoje o ex-presidente da República como a personalidade portuguesa de 2013. O prémio constitui um reconhecimento da pessoa ou da instituição portuguesa que mais fez pela imagem do país no exterior.
"Em 2013 Mário Soares tem sido uma das principais vozes na sociedade portuguesa", realçam os jornalistas estrangeiros a trabalhar em Portugal, que quiseram, com este prémio, "constatar o importante papel desempenhado por Mário Soares na Democracia e na história de Portugal".
"Por um lado, serve para reconhecer a sua longa e intensa trajetória política, por outro, pretende galardoar a enérgica atividade realizada ao longo do presente ano", justificam os membros da Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal, da qual o antigo presidente da República é sócio honorário.
Apesar dos seus 89 anos e de um grave problema de saúde no início do ano, Mário Soares mantém-se ativo e com forte intervenção política. Precisamente no dia do último aniversário, a 7 de dezembro, o antigo presidente marcou presença numa iniciativa em defesa dos Estaleiros de Viana do Castelo. "Estes homens [trabalhadores] estão no seu direito de lutar e devem continuar a lutar. É por isso que eu cá estou, solidário com eles", disse o histórico líder socialista.
Antes disso, a 21 de novembro, Mário Soares organizou o Congresso das Esquerdas, que decorreu na Aula Magna, em Lisboa. Com a presença de inúmeras personalidade, a iniciativa ficou marcada pelas suas declarações que alguns entenderam como um apelo à violência.
Na ocasião, o ex-chefe de Estado Mário Soares defendeu a demissão do Presidente da República e do Governo, dizendo que é tempo de "irem para suas casas pelo seu pé" e evitarem "uma onda de violência".
Ideias que já havia defendido, dois dias antes, no ponto 2 de um artigo do DN. "Quando digo que este Governo está moribundo, que só existe ainda dada a proteção anticonstitucional do Presidente Cavaco Silva, entenda-se que não o faço para o tentar humilhar ou por razões ideológicas ou político-sociais. É tão-só para evitar, enquanto é tempo, a violência que aí vem", escreveu, acusando a maioria de estar a "caminhar para uma espécie de nova ditadura".
Soares acusou Cavaco de pertencer ao "bando" do Governo, mas também questionou o seu envolvimento no caso BPN. "Nunca ninguém julgou, todos roubaram, mas nunca julgou, como é sabido. Porque é que o Presidente da República não é julgado?", perguntou Mário Soares em meados de outubro, quando questionado acerca do fim das relações estratégicas entre Angola e Portugal.
Dias antes, numa entrevista "sem papas na língua" ao DN, dissera: "O Governo quer acabar com o Estado social, com o Serviço Nacional de Saúde, com o respeito pelos sindicatos e a concertação social. Tudo isso tem vindo a desaparecer. Isso tem um objetivo terrível: destruir Portugal tal como foi e a Constituição ordena". Soares defendera ainda que "estes senhores têm de ser julgados, depois de saírem do poder. Mas não é por esta Justiça, que não tem gente. Você sabe que, por exemplo, todos os que roubaram no banco nunca lhes aconteceu nada, estão todos impunes, está tudo a viver à tripa forra?
Mário Soares esteve especialmente ativo no segundo semestre do ano, uma vez que esteve 10 dias em coma devido a uma encefalite, logo no início do ano.
Mas, em pleno verão, numa entrevista ao jornal "i" foi muito duro nas críticas a António José Seguro, considerando que este foi brando no discurso em que anunciou a rutura nas negociações com o governo para um "compromisso de salvação nacional". O líder histórico socialista já alertara o atual dirigente do PS para a possibilidade de cisões no partido caso este chegasse a acordo com a coligação, na sequência do pedido de entendimento de Cavaco Silva, após a crise política de fim de junho, provocada pelo pedido de demissão de Paulo Portas.
Época em relação à qual se referiu como um "caos" e em que realçou, num artigo de opinião no DN, que o "Governo de Passos Coelho, que está há muito moribundo e completamente paralisado, não teve a dignidade de se demitir".
Nesse mesmo artigo, Mário Soares lembrou que não tem nenhuma responsabilidade política e não a quer ter. "Limito-me a pensar e a dizer o que penso", afirmou.
Essa é uma das razões pelas quais recebe agora o prémio da imprensa estrangeira, que em anos anteriores já distinguiu Carlos Paredes, José Saramago, Durão Barroso, Luís Figo, Souto Moura ou Joana Vasconcelos.
Servidão voluntária
Viriato Soromenho Marques, professor catedrático na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tem-se distinguido pela clarividência fundamentada, acutilância sóbria, e argumentação coerente que vem utilizando nas múltiplas intervenções em conferências, entrevistas e crónicas publicadas na comunicação social, protagonizadas com um denominador comum: análise e denúncia da situação crítica existente no nosso país, por força da crise económico-financeira e sociopolítica que se vive em Portugal e na Europa.
A crónica publicada no Diário de Notícias online, em 3 de Dezembro de 2013, constitui um dos mais fortes e objectivos alertas que tem lançado relativamente ao desconcerto e incompetência com que Portugal está a ser (des)governado.
Apesar de anticomunista, Churchill não hesitou em apoiar a URSS em 1941, dizendo: "Se Hitler invadisse o Inferno, eu faria, pelo menos, uma referência favorável ao Diabo na Câmara dos Comuns." Leio pelos jornais que um membro do Governo de Passos Coelho, chamado Maçães, foi à Grécia envergonhar o nosso país. Apesar de, a acreditar pelo CV publicado no sítio do Governo, ele ter alguma escolaridade em matéria de Direito e Ciência Política, a sua recusa perentória de uma frente de países do Sul (onde se incluiriam até a França, a Itália e a Espanha) contra a política que Merkel está a impor à Europa inteira revela que, no mínimo, ainda não atingiu aquele grau de estabilidade emocional e hormonal a que uns chamam maturidade e outros, simplesmente, juízo. A indigência intelectual deste Governo está a ultrapassar todos os limites. Desde quando um secretário de Estado vincula o seu país numa situação tão estrategicamente delicada? Desde quando um país em hemorragia aberta pode descartar alianças com aqueles, mesmo que sejam "diabos", que têm objetivos comuns (interromper a austeridade destrutiva)? Desde quando é sensato aderir incondicionalmente a uma política (do Governo de Berlim) que é diametralmente oposta ao interesse nacional? A imprensa grega não tem razão ao chamar "alemão" a Maçães. Os alemães não se confundem com o seu Governo conjuntural, como os portugueses não podem ficar ostracizados pelo trágico episódio desta coligação. O seu problema foi diagnosticado por La Boétie, no século XVI: só há tirania porque há demasiada gente pronta à "servidão voluntária". Este Governo é um equívoco dos "lugares naturais". Os lacaios passaram do anexo para o palácio. Importa devolvê-los ao seu lugar, antes que a pilhagem seja irreversível.
Rui Beja