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"Cratoquês"

23.12.13

Obviamente, DEMITA-SE

 

O estatístico que está como ministro da Educação, do Ensino e da Ciência, sofre, para além de muitas outras manias e complexos, de uma fixação obsessiva na destruição dos Institutos Politécnicos. No epicentro desta paranóia, situa-se o elitismo. Um mal que não lhe é exclusivo, uma doença grave que atinge uns quantos académicos de pacotilha que se julgam a elite do país. Com formação intelectual e humana que não lhes permite ver para lá do próprio umbigo, não passam de almas penadas incapazes de enxergar que se limitam a "trabalhar" para encher o ego de uma mão cheia de nada, e para se promoverem num circuito fechado em que os de cima puxam os de baixo e os de baixo empurram os de cima tendo como resultado a obtenção do zero absoluto. Pobres de espírito, autoproclamam-se lídimos representantes da elite nacional não conseguindo entender o mundo real onde "não vivem", não se dando conta de serem objecto de chacota pela generalidade dos académicos e cientistas que trabalham com os olhos postos no benefício da sociedade, e que são desconsiderados por todos quantos fora da academia e da ciência produzem para o bem comum, . Em suma, a idiotice obnubila-lhes de tal forma o pensamento que não conseguem entender que grande parte dos males de que sofremos reside, precisamente, na fraca qualidade das nossas "ditas" elites.

 

Ora é este iluminado que contra todas as evidêncas veio pôr em causa, em entrevista que deu à RTP no passado dia 18 do corrente, a qualidade do trabalho desenvolvido pelos Institutos Politécnicos, nomeadamente pelas Ecolas Superiores de Educação. Esqueceu-se, o coitado, que o próprio presidente da Agência de Avaliação do Ensino Superior "nega que a qualidade dos Politécnicos seja pior que a das universidades e diz que dos cursos "chumbados" até agora por falta de qualidade, nove são das Universidades e seis dos Politécnicos".

 

O mais grave é que não estamos perante um mero incidente, uma gafe a que qualquer um de nós está sujeito. Trata-se de mais um passo numa estratégia insensata e grave: desacreditar o ensino superior politécnico, para voltar aos velhos cursos médios dos tempos do fascimo salazarista. Aos tempos em que os meninos de famílias "com posses" iam para as Universidades e os meninos das famílias "remediadas" iam para os Institutos - Comercial, Industrial, ou Agrícola. Os cursos "de segunda" que, para inveja de muitos "Cratos", deram ao país profissionais "de primeira" e, vade retro satanás, tinham no mercado de trabalho das suas respectivas áreas de especialidade prioridade sobre os licenciados por cursos "de imitação" à data criados à pressa em diversas Faculdades e Institutos Superiores. Nova obstinação cratoriano-elitista, os projectados Cursos Superiores de Especialização (CSE), a ser ministrados nos Institutos Politécnicos, pretendem ser reconhecidos como formação superior não conferente de grau académico.  Ou seja, em bom português, cortar as pernas àqueles que queiram prosseguir estudos obrigando-os a, como acontecia há 50 anos, começar quase tudo de novo!

 

Para que conste, aqui fica transcrição e a fotografia de notícia do jornal Público de 21 deste mês:

 

Politécnicos querem a demissão do ministro da Educação

Em carta aberta ao primeiro-ministro, responsáveis reagem a declarações de Nuno Crato sobre qualidade dos licenciados

 

 

 

Os institutos politécnicos sugeriram a Pedro Passos Coelho a demissão do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, na sequência de afirmações suas de que as escolas superiores de educação não dão formação adequada aos professores.

Numa carta aberta ao primeiro-ministro, subscrita pelos responsáveis por 17 escolas superiores, o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos argumenta que “não existem condições de confiança para o senhor ministro continuar a tutelar o ensino superior”.

Numa entrevista à RTP, na quarta-feira passada, Nuno Crato disse que o sistema de formação de professores “tem várias falhas” e disse que as universidades e as escolas superiores de educação “têm características e critérios de exigências muito diferentes”. O ministro disse ter dúvidas sobre os licenciados que vêm dos politécnicos.

Para o Conselho Coordenador dos politécnicos, as palavras do ministro relevam “um preconceito” de Nuno Crato quanto a estas escolas, “já manifesto enquanto comentador e opinion maker, mas inaceitável no seu estatuto de ministro da Educação e Ciência”.

Nuno Crato, dizem os responsáveis pelos politécnicos, “colocou em causa, de modo explícito, sem qualquer fundamento factual, a formação ministrada nas escolas superiores de educação”.

O Conselho Coordenador argumenta ainda que não se trata de um acto isolado, mas sim de um “preconceito ideológico” quanto ao ensino superior politécnico.

A postura do ministro, concluem os politécnicos, “pode condicionar gravemente o futuro do desenvolvimento e consolidação do sistema de ensino superior português”, temendo-se que as políticas para o sector “possam ser gravemente desvirtuadas por esta visão”.

Por isso, “não existem condições de confiança para o senhor ministro continuar a tutelar o ensino superior”, argumenta o Conselho Coordenador.

 Rui Beja

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publicado às 01:11

"Cratonices"

18.12.13

 A maldição do princípio de Peter

"Este princípio, enunciado por Laurence Peter e Raymond Hull no livro com o mesmo nome, diz simplesmente que as pessoas tendem a ser promovidas até atingirem o seu nível de incompetência. Por outras palavras as pessoas nas organizações, em particular as mais voluntariosas e/ou ambiciosas tendem a ser promovidas até chegarem a um nível em que já não possuem capacidade para executar de forma competente as suas tarefas. Este princípio tem um corolário interessante que diz que o trabalho nas organizações é executado pelas pessoas que ainda não atingiram o seu nível de incompetência." (extraído de artigo de opinião publicado por Nuno Nunes, Professor do Departamento de Matemática e Engenharias da Universidade de Aveiro, em 8 de Agosto de 2013, no Diário de Notícias Online)

Professor e cientista de prestígio, o actual ministro da Educação, do Ensino e da Ciência, tornou-se um exemplo vivo do Princípio de Peter.

Vaidoso, elitista e arrogante, passou de cronista com ideias feitas e firmes sobre o processo educativo em Portugal a político inconsistente, inconstante e incapaz, tornando-se num dos mais incompetentes ministros da Educação dos últimos quarenta anos. Quiçá, efeitos de uma inflexão de 180º entre jovem militante de extrema esquerda e inábil praticante do ultraneoliberalismo que está a (des)governar Portugal.

O caso da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC), abrangendo os professores com menos de cinco anos de contrato (vá-se lá saber porque não com quatro, ou seis, ou mesmo cinco anos e um dia!) ´constitui apenas mais um dos muitos pontos negros no seu currículo ministerial. Para memória futura, transcrevo o relato que o Diário de Notícias Online faz neste preciso momento:

 

Avaliação de competências

Protestos impedem prova em algumas escolas

por DN.Online com José António Cardoso, Patrícia Jesus, José Manuel Oliveira, Paula Carmo, Helder Robalo    <input ... >Hoje

 

 O DN seguiu, com vários repórteres no terreno, a realização da prova dos professores em várias escolas do País, em localidades que vão de Portimão, a Coimbra, passando por Lisboa, Vila Nova de Gaia ou Vila Real.

 

No dia em que 13 523 professores contratados voltam a sentar-se nos bancos da escola para ser avaliados, muitos outros prometem ficar à porta a protestar ou mesmo entrar nas salas e boicotar a realização da prova de avaliação de conhecimentos e capacidades (PACC).

11:45 - Porto

Na Escola EB23 de Canidelo, ao fim de uma hora e um quarto, a prova de avaliação de competências foi anulada. Das nove salas disponíveis para a realização dos exames só duas tinham professores e, após vários protestos, não se realizaram as provas. Em Vila Nova de Gaia, na Escola Almeida Garrett, também não se realizou qualquer exame. H.R.

11:15 - Lisboa

Na Escola D. José, no Alto do Lumiar, em Lisboa, só havia vigilantes para uma das oito salas disponíveis para as provas. Após muitos protestos dos professores presentes, todos os vigilantes acabaram por aderir à greve, não se tendo realizado nenhum dos exames previstos. À saída do estabelecimento de ensino ouviram-se gritos de vitória e os professores foram saindo do edifício fazendo com as mãos um "V" de vitória. P.J.

11:06 - Vila Real

Na Escola de São Pedro, em Vila Real, em cerca de 200 professores inscritos, apenas nove se encontram a fazer a prova. Na Escola Morgado Mateus, também em cerca de 200 professores inscritos, nenhum efetuou a prova. Algumas centenas de professores estão agora a juntar-se para irem em manifestação até à UTAD, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, para protestarem contra a falta de solidariedade das universidades em relação a eles. J.A.C.

11:00 - Vila Nova de Gaia

Na Escola EB2 de Canivelo, em Vila Noda de Gaia, das 9 salas apenas 2 abriram. E dos cerca de 180 professores que deveriam fazer a prova, só se apresentaram 30. Neste momento, devido aos protestos e ao barulho, ainda não foi possível iniciar a prova. Estão cerca de uma dezena de polícias a tentar acalmar os ânimos. H.R.

10:50 - Lisboa

Contactada pelo DN, Anabela Delgado, da Fenprof, afirmou que ainda não se realizaram as provas na Escola D. José, no Alto do Lumiar, devido a protestos dos professores. Nas escolas EB 2,3 das Piscinas, nos Olivais, e Fernão Mendes Pinto, em Almada, também não houve exames. P.J.

10:45 - Lisboa

Na Escola Padre António Vieira, em Lisboa, a prova realizou-se. O único incidente registado aconteceu quando um grupo de manifestantes forçou a entrada no recinto da escola, para impedir a realização da prova, mas foi impedido de entrar no edifício.

Na Escola Secundária do Restelo a prova não se realizou porque houve adesão total à greve. Os professores convocados para vigiar os colegas e os contratados que iam fazer exame acabaram por ser juntar no pátio, no meio de aplausos e lágrimas. P.J.

10:27 - Vila Nova de Gaia

Em Vila Nova de Gaia, na Escola Secundária Inês de Castro, no Canidelo, dos 18 professores destacados para fazer a vigilância à prova faltaram nove. Fora da escola foi montado um cordão humano mas a grande maioria dos professores já entrou para as salas para fazer o exame. Alguns deles retardaram a entrada, afirmando estarem a refletir sobre o a prova de avaliação de competências. Tirando alguns protestos, a manhã tem sido calma. Dos 180 professores que deveriam realizar a prova só 20 não a fizeram. H.R.

10:19 - Portimão

Na Escola Secundária Poeta António Aleixo, em Portimão, o ambiente é muito calmo estando apenas um agente da PSP a controlar os acontecimentos. Dos 300 professores do Agrupamento de Escolas (quatro estabelecimentos de ensino), muitos recusaram fazer a prova, entrando e saindo dos estabelecimentos sem a fazer. Neste momento, há 73 professores a fazer exames em quatro salas de aula.

Um dos grevistas contactado pelo DN à porta da escola, João Vasconcelos, afirmou que está a tentar impedir que os professores façam a prova, mas de forma pacífica afirmando que "hoje são uns a fazer a prova mas nos próximos anos serão todos". Uma das professoras que foi fazer a prova, Ana Viegas, também falou ao DN afirmando que "Estou bastante calma, vou tentar protestar lá dentro contra este exame". J.M.O.

10:00 - Coimbra

Em Coimbra, na Secundária Infanta D. Maria, a PSP foi obrigada a abrir alas entre os manifestantes concentrados à porta da escola para permitir aos docentes entrar para a sala de exame. P.C.

09:55

Esta manhã juntaram-se vários grupos de professores à porta de escolas do Restelo, Barreiro e Portimão, em protestos pacíficos, mas existe alguma confusão entre os docentes sobre se a prova se vai realizar ou não, devido a uma providência cautelar interposta pela Fenprof.

No entanto, contactado pelo DN, o Ministério da Educação afirma que ainda não recebeu nenhuma citação do tribunal do Funchal afirmando, por isso, que a prova irá avançar como de previsto.

A Fenprof tinha avançado com uma providência cautelar no Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) do Funchal para impedir a realização da prova de avaliação dos professores. P.J.

09:15- Lisboa

Em Lisboa, na Escola Padre António Vieira, uma das escolas onde decorre a prova de avaliação de competências de professores, um grupo de manifestantes fez um pequano cordão humano em volta do estabelecimento de ensino mas não está a impedir o acesso. P.J.

09:02- Vila Real

Em Vila Real, as escolas secundárias de Morgado Mateus e São Pedro tinham esta manhã os seus portões fechados a cadeado. Com a presença da polícia no local, os funcionários cortaram os cadeados para se poder dar início ao processo das provas de avaliação dos professores.

A manhã está a decorrer sem incidentes, mas os professores no local afirmaram ao DN que não vão fazer a prova. Na sua maioria estão inscritos para a fazer e pertencem ao grupo de AEC (Atividades Extra Curriculares). J.A.C.

 

Quando o «Relatório de Pisa 2012» avalia de forma positiva a evolução dos resultados do ensino em Portugal, o que podemos esperar das mudanças que Nuno Crato inventa diariamnte, para no dia seguinte as desdizer com o mesmo ar convencido de ente superior? O que poderemos esperar do Portugal futuro quando os professores e alunos de hoje são tratados com esta ligeireza programática e ofensa da dignidade pessoal?

Rui Beja

 

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publicado às 16:35


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José Cardoso Pires escreveu, em adenda de Outubro de 1979 ao seu «Dinossauro Excelentíssimo»: "Mas há desmemória e mentira a larvar por entre nós e forças interessadas em desdizer a terrível experiência do passado, transformando-a numa calúnia ou em algo já obscuro e improvável. É por isso e só por isso que retomei o Dinossauro Excelentíssimo e o registo como uma descrição incómoda de qualquer coisa que oxalá se nos vá tornando cada vez mais fabular e delirante." Desafortunadamente, a premunição e os receios de José Cardoso Pires confirmam-se a cada dia que passa. Tendo como génese os valores do socialismo democrático e da social democracia europeia, este Blog tem como objectivo, sem pretensão de ser exaustivo, alertar, com o desejável rigor ético, para teorias e práticas que visem conduzir ao indesejável retrocesso civilizacional da sociedade portuguesa.

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