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Palavras para memória futura!
Para que se saiba do que se se fala quando se fala de uma imagem
Uma imagem vale por mil palavras, diz acertadamente o aforismo que confirma a sabedoria dos ditados populares. Mas porque "mil palavras" nos podem dizer tanta coisa, melhor é que legendemos as imagens para que se saiba da essência do que significamos quando escolhemos uma imagem para falar por nós.
O Cartoon de António publicado no Expresso de 15 de Dezembro, aqui reproduzido no dia 16, vale por muito mais de mil palavras! Mas no mesmo jornal e na mesma data, João Garcia deixa registo, em palavra escrita, de uma amostra significativa dos factos que associo à genial imagem desenhada por António:
Prevenir já não é o melhor remédio
Se é certo que o Orçamento do Estado iria sempre para ao Tribunal Constitucional (fosse por ação de deputados ou por iniciativa de outras entidades), se é certo que essa situação arrastará a indefinição sobre a sua validade durante meses, se é certo que o próprio Cavaco Silva tem dúvidas sobre a constituconalidade de algumas normas, o que o impediu de pedir a fiscalização preventiva, evitando atrasos embaraçosos?
Espero vir a perceber as razões do Presidente. A teoria do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa sobre não se pedir a herbívoros que se portem como carnívoros, ou vice-versa, além de pouco elegante, não convence.
Proteger o silêncio
O ex-director de Informação da RTP foi prestar esclarecimentos à Assembleia da República e está a ser alvo de um processo disciplinar pelo que ali disse. Por isso pediu um parecer à presidente do Parlamento; quer saber se quem depõe também goza de imunidade. Disseram-lhe que não. Ou seja: os deputados perguntam na maior das impunidades, os deponentes respondem na maior das responsabilidades. Estando certo o parecer, não é assisada a situação. O resultado, se nada se alterar, é que os deputados vão passar a ouvir muito pouco.
Uma questão de valores
O nosso ministro Santos Pereira foi a Bruxelas defender que a Europa tem de abandonar as "regras fundamentais" em matérias de proteção ambiental e de salvaguarda dos direitos sociais. Defendeu, a bem da indústria e do emprego, que "não sejamos mais papistas do que o Papa". Só não esclareceu até onde deverá regredir a Europa, principalmente se noutros continentes aumentarem as agressões ao ambiente e persistir a degradação das condições sociais. Ou seja, propôs uma inversão de valores: a Europa, em vez de puxar para cima, deve empurrar para baixo.
Entendam-se!
Não é segredo que as lideranças confusas desorientam as hostes. O segredo - grande - é perceber como se mantém alguma coesão na maioria se, entre os seus, há quem dispare em todas as direções, principalmente na do vizinho. Enquanto Santos Pereira lamenta os obstáculos que vêm do lado do Ambiente, Assunção Cristas acusa-o de querer voltar ao século XIX e Jorge Moreira da Silva propõe taxar os poluidores; enquanto o OE sobe impostos, Paulo Portas justifica-se perante o CDS por ter falhado na redução fiscal; perante um Migue Relvas que nega a possibilidade de encerrar municípios, os centristas insistem na fusão de Câmaras; e na redução do IRC para novos investimentos, Passos e Pereira não conseguem acertar o discurso. Falta acrescentar a polémica sobre a RTP.
Divergir é bom, mas há limites.
Uns e outros
Joana Marques Vidal , procuradora-geral da República, quer saber como chegou aos jornais a informação sobre as buscas em casa e no escritório de Medina Carreira. Mais um inquérito por violação do segredo de justiça, a juntar-se ao aberto por causa da gravação do telefonema em que intervém Passos Coelho. Coerente, a magistrada.
Eraria se fizesse como o primeiro-ministro e vários outros membros do Governo que tão indignados ficaram quando a vítima foi o chefe do Executivo e tão indiferentes se mostram quando os casos não lhes tocam de perto.
Atenção: a coerência da PGR vai ter alto custo. Se quiser ter um só peso e uma só medida será obrigada a mandar fazer muitas outras averiguações. As notícias sobre o vice-reitor do seminário do Fundão ou sobre o padre de Montalegre, ou a busca em casa de Teixeira dos Santos não indiciam algumas fugas de informação? E não são apenas estes: há todos os processos com cidadãos que não se queixam e não têm quem tome as suas dores
Os "gatos pingados" estão a fazer com gosto o serviço que lhes foi encomendado e que lhes interessa. E nós, os portugueses, também nos interessará que nos "sepultem" em vida?
Rui Beja